Transcendendo estilos, tendências e modas…
A guitarra elétrica foi, sem dúvida, o instrumento musical que teve a maior evolução desde o seu surgimento no século passado.
Transcendendo estilos, tendências e modas, se mantém como uma força motriz de grande parte da produção musical, sendo bandeira e ícone de movimentos sócio-culturais.
Assim como o violão, seu antecessor direto, a guitarra surgiu de uma cultura popular e ampliou seu raio de atuação até mesmo nos círculos mais sofisticados, indo de mero acompanhante de cantores, passando por “diva” do Blues, responsável pela gênese do rock, chegando à “grande dama do jazz”; tudo isso nas mãos de nomes diversos como: Bob Dylan, Chuck Berry, Django Reinhardt, Jimi Hendrix e Eddie Van Halen, estilistas de pólos opostos, unidos pela força e fascínio que nosso instrumento exerce.
O aprendizado construiu-se e solidificou-se junto à sua própria evolução, sendo até os dias de hoje uma história em formação, em função de técnicas e tecnologias que vão modificando sua concepção e, consequentemente, a música gerada.
Se pensarmos em termos das variedades de modelos que existem, podemos chegar à conclusão que cada tipo de guitarra leva a um conceito e estilo pela sonoridade apresentada por cada projeto de construção. Por exemplo: uma guitarra semi-acústica terá um som mais aveludado, propício para jazz e música brasileira; uma Strato, com captadores duplos e microafinação será usada para execução de heavy metal. Cada estilo com uma proposta de técnica específica.
Todavia, o aprendizado musical e os fundamentos de técnica e teoria são sempre os mesmos e destes é que iremos tratar nesta série de métodos.
O ato de aprender música é um processo que exige, antes de mais nada, interiorização e foco, pontos que irão servir de plataforma de lançamento para toda evolução musical. Cada passo dado para tal, deve acontecer dentro dos próprios limites e tempo de aprendizado (É bom lembrar que um passo bem dado é muito mais válido que uma distância maior mal percorrida).
É de muita valia ouvir depoimentos de ícones como Eric Clapton e Andy Summers (The Police), que testemunham seu inicial aprendizado como intuitivo, basicamente ligado à audição de discos, quando se descobria através de exemplos vivos, como se fazia para executar um vibrato ou um bend. Este enfoque é fundamental para fazer com que esse ou qualquer outro empreendimento na área musical funcione. Toda teoria, técnica e estudo, devem primeiramente possuir referências vivas de como devem soar; por isso fica a “dica”: Deve-se ouvir muita música, localizando conhecimentos em obras de artistas inspiradores.
Howard Roberts, norte-americano, um grande ícone da guitarra jazz, pioneiro na consolidação e direcionamento da didática do nosso amado instrumento, fazia a observação que desde a hora em que acordava a cada dia estava reaprendendo mais sobre a guitarra. É assim que se deve tratar a relação com o ato de estudar música. Sempre se aprende enquanto dure a jornada por esta bela e misteriosa estrada que nos leva a muitas descobertas dentro e fora deste instrumento.
Márcio Okayama