Fromer,Titãs…alguns homens e muitos segredos

Fromer,Titãs…alguns homens e muitos segredos
Uma das maiores dificuldades do ser humano, dentro de sua efêmera existência, se dá justamente em estar centrado no presente…no agora.

Temos uma perspectiva ímpar, em estarmos presos a nostalgia, que nos construiu, nossa biografia , a de nossos antepassados e sua total imprevisibilidade do futuro… A incógnita do que está por vir

Neste fluxo caótico que a senciência nos coloca (por bem ou por mal) no topo da cadeia predatória do Planetinha Azul, seguimos aos trancos e barrancos, de : castelos, feudos, indústrias, armas nucleares, inteligência artificial.
No contraste da guerra e da paz global ou interna.

A arte talvez seja a manifestação única desta mistura complexa que é a experiência humana…

Um grito, um choro e um riso…

No meio desta necessidade em estar presente, e olhar para o futuro com serenidade, o passado é o porto seguro…

Tendência mais que comum nos tempos contemporâneos no intuito de revisitar o passado…abraça lo, vesti lo… vivencia lo.

O que é ótimo, pois termos a consciência de onde surgimos é vital…a história é ciclica.

Surpreendente é constatar como revivals musicais, tem tido eco e público não só na geração que vivenciou os ditos tempos, mas nas novas, que até testam a força da obra destes grandes nomes de nossa música.

Neste contexto surge a demanda que resultou na turnê, com a formação original dos Titãs.

Para quem viveu e teve o prazer de testemunhar a banda em ação nos anos oitenta e noventa, teve uma experiência única. Ver um coletivo na cena musical roqueira, onde a bola transitava de forma igual entre todos os integrantes

Pessoalmente, não consigo pensar em outra manifestação artística deste período que tanto identificasse o que é viver na Pauliceia desvairada.

Ficava a indagação…

Como eles administravam as questões fundamentais na explosiva estrutura que é uma banda de rock, com seus egos, talentos alem do entorno insano do show biz?

Sempre desconfiei, e recentemente os próprios integrantes admitiram em entrevistas, a função chave do saudoso Marcelo Fromer em fazer a ponte vital, entre cada integrante, os empresários, empresas, público mídia e parceiros em geral.

Como todo bom sagitariano (Silvio Santos como o exemplo, além de outros como o Ruy Pereira editor da Guitar Player brasileira, um grande mentor pessoal) o cara do “ deixa disso” na melhor acepção da palavra, como da política (também na melhor acepção da mesma) vital para viver em sociedade.

Um cara que (nas palavras dos próprios Titãs), era talvez o mais limitado musicalmente, mas, no meu humilde entender a mais iluminado no sentido de entender e viver a plenitude daquele momento (prova pelos seus interesses diversos além da própria musica).

Paralelo ao personagem Rusty Rian, vivido pelo genial Brad Pitt (outro sagitariano da veia), no filme Onze Homens e um segredo.

O facilitador que consegue extrair o melhor talento de cada um dos personagens do assalto do filme.

Uma lição imensa para os dias egóicos, na era dos selfies com filtros e vaidade materialista tóxica das redes sociais

Para mim, vem a memória do show de lançamento do Ô Blesq n Blom no Olympia, um dos shows mais legais que vi na minha vida…

Nele guardo a cena do Marcelo com uma Jackson Soloist, num momento ir alavancar e perceber que o roadie não colocou a barra da Floyd Rose…ele apenas se vira para o mesmo, que estava na coxia e sorri….

Obrigado Fromer….

Márcio Okayama